sábado, 20 de abril de 2024

Palacetes

 

O difuso labirinto do sentir
Encerra em si muitos cômodos
Assim como estranhos deleites.
Em toda porta figura um número e um nome
Por onde atrás se esconde
outros nomes, números e enfeites.

Espelhos ornam cada parede
Como prateados olhos fixos
Onde pairam reflexos assustadiços
Que nunca conseguem se enxergar.

Cada corredor por muito se estende.
Entre traças e tapeçarias persas, 
Formula-se só e sofregamente
Os prelúdios perpétuos do chegar,

Mas eis me aqui finalmente,
Entre as hábeis criaturas do desejo
Que somente nesses lugares ermos
poderiam vorazmente habitar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário