Um estranho conforto paira sob a rua
Fazendo as folhas rufarem mais devagar.
Uma chuva fina cobre os carros.
A luz refletida é débil e torta
Mas perfeita em sua fragilidade.
O cinza recai sobre as superfícies
Tornando rombudas as pontas e quinas
Em que insistimos tanto em colidir.
Os cacos são grandes o bastante para serem colados.
As feridas podem, apesar de tudo, ser curadas.
Nós carregamos o peso do mundo
Pois tememos flutuar pra longe
Sem um algo ou um alguém que nos impeça.
Não nos resta nada,
Só esta rua arborizada que se entende
Do infinito aos nossos pés.
Os carros passam devagar.
Ao fundo um pássaro canta.
O sinal esta verde
E todos te esperam passar
Por esta rua de mão única
Chamada solidão.
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