domingo, 21 de abril de 2024

A Honestidade Estéril


Eu me disseco
com o bisturi em mãos
para saber como o coração me bate.

Tento descobrir se existe alguma alma
que se esconde por detrás das vísceras,
mas nenhum sopro divino deu-me vida
ou em meus pulmões habita.
A minha biologia é a do desprezo
que agora estendo a você.

Cortes tão profundos e desnecessários
análogos à dimensão do dolo.
Cá estou,
cortado, aberto e exposto.
Dou-me novamente conta
de como fui, sou e serei tolo...

e com honestidade estéril eu me recosturo.
Mais amargo e mais sincero.
Eu me faço mais vazio
para me fazer completo.

Crescer é estreitar o indissolúvel abraço 
entre o morrer e o viver.

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