Você levantou o véu
buscando o conforto nas promessas de um novo mundo
e, sem saber o que o outro lado lhe reservava,
foi recebido solenemente pela Escuridão.
Como os antigos navegadores,
procurando novas rotas para as Índias,
você também buscava um caminho
através do qual os seus pesares
não mais lhe pertencessem.
Seu norte já não era verdadeiro.
A dor lhe impulsionou
para muito além da cartografia do conhecido.
Você esteve sozinho em seu momento mais escuro.
Ninguém testemunhou a vastidão de seus oceanos
ou a sufocante altura da sua solidão.
Suas falésias foram esfaceladas pelo tempo,
cinzeladas pela constante repetição dos dias
e, em seus diminutos horizontes,
o único passo possível seria o derradeiro.
O meu coração é tão pesado quanto o seu.
As minhas esparsas preces lhe pertencem.
Aquela velha parede foi pintada de branco.
Nossos nomes, com gesso e telha escritos, foram apagados,
mas eu estou aqui e você não.
Em nossa corrida em direção ao infinito,
eu não esperava o segundo lugar.
A sua ausência não me passa desapercebida.
Que o seu coração seja como a pluma,
Que os seus passos sejam largos,
Que o seu caminho esteja cravejado por estrelas.
A sua jornada ainda não acabou.
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