segunda-feira, 22 de abril de 2024

Impermanência



Hoje joguei fora os meus livros
e me despedi de uma boa parte de mim.
O armário vazio caçoava-me
por ter desistido assim.

Eu olhei os cantos
e medi com o palmo as paredes.
Eles eram tantos
e agora só me resta a sede

de preencher o vazio
com a insensatez de um algo novo,
sentir o ardor e o frio,
entregar-se a mais um outro jogo.

Com anseio espero
mais uma vez o armário se encher
para que novamente
seu conteúdo eu possa perder.

Nada carece de sentido
na impermanência.

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