Minhas sóbrias vitórias se acumulam,
Mas partes de mim ficaram pelo caminho
Sinalizando a indistinta origem
Quando nada tinha,
Mas ainda assim,
Tudo era-me permitido.
Neste acortinar dos dias
É como se estivesse violentamente
batendo nos pesados portões
De algum Éden estranho e esquecido
Para resgatar alguma chama trêmula e fulgaz
Que interponha limites sobre a tenra noite
se apossando de minhas manhãs.
Eu nunca estive mais nu do que agora.
As minhas entranhas foram todas expostas.
Tento desajeitadamente manter meus órgãos
Em seus lugares próprios e devidos,
Mas nem sempre as partes se subsumem no todo.
Os meus olhos estão abertos,
Mas ainda sim eu não posso ser visto.
Como um fantasma preencho os cômodos
Com o vazio de minha presença silente.
Eu habito nos interstícios,
Nos espaços liminais
Esperando por algum Godot
Para sinalizar que foi isso,
Que o show acabou
E que não haveria palmas.
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