Tão gasto e desbotado como uma nota esquecida
nos bolsos de um velho casaco,
mas ainda sim, com algum valor.
Eu aliso a pinturas das paredes
descascando a tinta dos cantos
para camadas ocultas revelar.
Mas o tijolo e o concreto nunca alcanço.
Ouço o ranger débil das dobradiças e fechaduras
perturbando a notívaga unidade do sono.
De olhos fechados eu enxergo tudo que ao Limiar escapa.
Jogamos nossas cabeças para trás
quando a ciranda repentinamente se acelera.
Nós somos a tolice desses céus borrados
sustentados tão somente
por pés desorientados e recalcitrantes.
Por isso escrevo o meu nome
em troncos seculares
para escapar da minha finitude.
Nós somos o silêncio que sucede a música.
A palavra que escapa da garganta
para morrer indiferente na multidão.
Nada nunca muda.
Nada nunca nos mudará.
Os nossos reflexos estão desbotados.
Nossas sombras se apequenam
perante à transfixa Aurora das Dores.
O Infinito cretinamente nos perpassa
... e ficamos para trás
como crianças desgarradas
tateando em vão na escuridão
em busca de um alguém
que nunca esteve lá.
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