domingo, 21 de abril de 2024

Como Sombra

Eu ouço um rio
e suas águas perenes
carregando-me em seus braços
e envolvendo-me no doce torpor da inconsciência.

Com os olhos cerrados
adormecem os sentidos.
Flutuo sem resistência ou ar.

Nada possui propósito
e no entanto
tudo alcança o seu lugar.

As coisas se tornam simples
quando desemaranhadas.

Havia mais vida
nas beiradas da morte
do que eu jamais pude suportar.

Todas as portas se abrem,
as ruas no silêncio se alargam
e como sombra eu as perpasso.

Gravito em direção a um sol secreto.
Nada me prende.
Nada desejo.
Nada me satisfaz.

Potes quebrados
não ascendem do chão
à unidade nas prateleiras.

Por que vivemos uma vida ao contrário?

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