A cortina de miçangas pende mais longa
sem que jamais toque o chão.
Com peso leve e aparência diáfana,
mostrou-se intransponível
Como César dando suas costas ao Rubicão.
Posso ver no outro lado toda luz que brilha
Difusa nas paredes, filtrada por janelas,
mais quente do que se pode ser
na grande sala tão repleta de ausências.
Eu não estou lá
e tão pouco estou aqui
atrás da cortina que tudo esconde e revela.
Sombras perpassam simples os limites
com a dádiva da bidimensionalidade,
Não dando o apreço devido
às nossas translações
e elocubrações desnecessárias.
Ariadne se atém com força e o fio rompe.
Ela não encontra a saída,
mas as miçangas rolam livres
como sementes de romã
clamando pelos lábios de Perséfone.
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