segunda-feira, 22 de abril de 2024

Alambrados

Os balanços movimentam-se sozinhos na memória.
Ferro, madeira e risos mesclados
em incontáveis e indistintas tardes
que padecem plenas sob a luz tênue
dos primeiros pirilampos.

Os dedos se fecham nos elos do alambrado
erigido solene sobre o cemitério da infância.

Nossos rostos são acariciados
pelos patéticos beijos
de Sóis de outrora.

Somos eternos espectadores
de um filme que se esmaece e esvai,
mas nossas mãos permanecem sobre
a grade do alambrado,
atendo-se firmes
quando tudo que nos resta
é a luz de vagalumes intangíveis
pontuando a plácida escuridão.

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