O passado se faz presente no silêncio
Como acordes que perduram além de compassos
Sem uma voz que os acompanhe
Ou uma tônica que os encerre.
Sonhos e livros fora do lugar
Puxam-nos em direções contrária e baldias,
Contrapondo a fatualidade do que foi
Com a possibilidade plena daquilo
que um dia o dia seria.
Tornamo-nos tênues e etéreos
Quando os irredutíveis braços do relógio
Contrariamente giram.
Nossos pés em antípodas fincados
Desafiam a cartesianidade do tempo.
Passado e futuro silenciosamente coabitam
Na interioridade fugidia dos segundos.
Foi preciso emudecer-me e desnudar-me
Para resvalar os dedos,
Pelas contíguas bordas do infinito.
Os barcos de papel seguem corrente acima.
As migalhas se reificam no pão.
02/08/2019
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