quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Társis


Eu lanço uma vez mais minha rede ao mar
E a recolho depois de uma espera apropriada.
Ela viria vazia como vazia veio
Em todas as vezes passadas.
Sangram minha mãos expectantes
Pelo sal tão fustigadas.

Como poderia eu desistir
Se essa prenha espera
É tudo o que tenho?

Algo haveria de vir
Singrar essas águas
E ressignificar a rede,
Os seus nós trôpegos,
Sua extensão risível
Ansiando apreender um algo
Que decerto não viria.

Eu me jogo e me recolho
Sem nada capturar.
Tudo por mim passa indiferente
Sem nada capturar.

As marés já não me preenchem.
A circularidade em mim cessou.
Estou preso na vazante
Em que um menino se afogou.