Abrem-se as cortinas.
O palco revela apenas uma cadeira
sem alguém que lhe ocupe.
Luzes traseiras projetam longas sombras retilíneas,
traçando do chão ao teto uma via sutil e sacra
por alguém jamais trilhada.
A vítrea pele dos relógios
refletem a aflição nos olhos estampada.
Corações e engrenagens pronunciam-se desordenadamente.
As asas mecânicas nos falham.
As nuvens cenográficas são por demais pesadas.
As auréolas dos santos eram apenas luzes de halogêneo.
Mas certamente há de vir alguém
cuja presença anestesie nosso incômodo.
Certamente há de vir alguém
que justifique a nossa espera.
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