sábado, 20 de abril de 2024

Ícones Imperfeitos

 

Ecoa em mim a vastidão da ausência
De tombados ícones imperfeitos
Irradiando de seus fragmentos
Justapostos e desfeitos
A carência do acreditar e do querer.

Intuo as formas, seus limites e disposições,
Mas seus tremeluzente cacos
Não se coadunam com a ostensibilidade do real,
Formam um mosaico disforme de ávidas vontades,
De peças que não se sustentam em pé
Mas continuamente repostas são,
Como dominós em franca queda
Desejosos do amparo estático do chão.

Tudo está exposto, a pele esfolada.
Músculos, tendões e nervos
Ansiando pelo toque
Como se um bálsamo fosse,
Para suturar-me as dores
E regar-me de amores
Nas latitudes cálidas da aceitação.

Em todo signo habita um significado,
Mas, presente ou ausente, seu referente
Nem sempre faz-se notado.

Qualis artifex pereo.

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