O vento permeia tudo.
O Sol rasante evapora as palavras de nossos lábios.
É tudo sal e distância.
Barcos vem ou vão sem nunca retornar.
A imensidão azul fascina e apequena.
Que culpa tem as sereias de aqui cantarem?
Nenhuma cantilena compele alguém as águas,
nenhum seio rijo entorta-nos o Norte.
A rota é por escolhas formada.
Penélope em Ítaca também cantou
por vinte anos sua canção
sem que alguém sequer a ouvisse.
Se Penélope estava só,
as sereias também estão.
Ninguém há de eternizar suas histórias.
Odisseu enxergou somente o que queria.
Imputou virtudes e vícios onde somente existia ardor.
Seja no preciso mármore de Ítaca
ou num falho atol isolado,
todos ansiamos por laços,
Por correntes que nos impeçam de sermos levados
pelos lentos passos da procissão dos dias.
Todo abraço é uma âncora.
Todo beijo uma alforria.
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
Em Mastros Desatados
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário