quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Cantus Firmus

 

Eu sou a sombra que se deita no Oeste.
Sou o vento que desfia os dias.
A gota que desbasta a pedra.
O silêncio da feitiçaria.

De meus passos brotam árvores.
Minhas mãos afagam os vales.
Meus olhos são duas estrelas frias.
O meu riso é o trovão.
Minha pele é feita de noite,
minha barba de escuridão.
Minhas costas suportam as dores
de todos inícios e da dissolução.

Minhas veias estão cheias luzes.
Meu coração aprisiona canções.
Minha cabeça toca as nuvens.
Meu silêncio é preenchido de orações.

Eu estou muito além de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário