Cera e querosene se sublimam em luz,
mas em fumaça e fuligem também.
Clareiam nossos rotos rostos,
engrandecendo nossas sombras.
O que ilumina nossas mesas
sempre há de escurecer os nossos tetos.
É difícil aceitar a experiência da noite,
sua natureza disforme e imprecisa
multiplicando perigos e medos
enquanto acalenta nossos sonhos.
Congregamo-nos na escuridão,
pele repousando sobre pele,
dedos entrelaçando-se suaves.
Tudo é quase sussurrado.
As estrelas arranham o firmamento,
cometas dilaceram-se para beijar o chão,
engrenagens celestiais atiçam luas e marés.
Eis toda a fúria e a poesia que nos faltam
sob a luz de velas e de tristes candeeiros.
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
Velas & Candeeiros
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