segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Correntes de Retorno


O tempo sopra
areias contra nós.
Machuca o rosto,
um pesar atroz.
Os ventos dizem
que um menino se afogou,
que aqui não daria pé,
que tudo estava bem
até você chegar.

Vejo faróis
cortando o horizonte.
O sangue e o sal,
o nado mais distante.
Eu ouço gritos
que a maré vai me puxar,
que o barco afundou,
que aqui há o coral
mais belo para morar.

Sob a espuma, há luz
para recomeçar.
Abro as portas e deixo
A onda se arrebentar.
Nunca estive mais só...

E aqui há de ser o meu lugar.
Onde as ondas mais altas
sempre irão se arrebentar.
Jangadas contra o oceano,
Como estrelas na escuridão.
Não tenho mais pernas,
Só asas para desbravar
A imensidão.



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