Um fio, de intrincada tapeçaria, termina aqui,
Deixando em seu desvelar
Padrões incompletos,
Portas não abertas e
Palavras em brumas suspensas.
Como um afresco retratando nossa origem,
Um mesmo tecido conecta-nos
Do primeiro organismo unicelular
Aos prazeres e pesares de nossos pais.
A partir de combinações e reconfigurações
De 4 parcas cores
Pulsa o desejo de se propagar
Por entre o tempo e o espaço,
Uma sinfonia de gerações e genes.
Meu fio termina aqui.
Eu me recuso,
Por repulsa ou respeito,
A participar de nossa
Corrida em direção às estrelas.
Eu não passarei à diante
O pecado de meus pais,
Mas na sombra de nossas escolhas,
Sou assombrado pela diafaneidade
Do instinto de cuidar.
Queria poder erigir muros
Em torno das coisas frágeis,
Sem, entretanto, aprisioná-las.
Protegê-las sob uma claridade rara
Para que, quando regadas,
Desabrochassem também
Em pleno esplendor.
Estar presente, solene ou silente,
Para testemunhar os dias
Que um dia não seriam mais meus.
Documentar os passos,
Cartografar-lhe novas alturas.
Tudo tão natural e próprio,
Mas escolhi meu fio terminar aqui.
O infinito, de ventres sábios é parido.