I tally up my sober victories,
Yet parts of me have flaked along the way,
Signaling an indistinct origin
When nothing was ever had
And eveything would be allowed.
In this curtailing of days,
It's as if I'm violently knocking on the heavy gates
Of some estranged or forgotten Eden
To rescue some flickering flame
To interpose edges on the softest night
Taking hold of my days.
I have never been more naked than I am now.
My entrails have all been exposed.
I awkwardly try to keep my organs
In their right and proper places,
But the parts are not always subsumed into a whole.
My eyes are open, yet still, I cannot be seen.
Like a ghost, I fill up the rooms
With the emptiness of my silent presence.
I inhabit the places between places,
In the marginal and liminal spaces,
Waiting for god or some Godot
To signal that this was it,
That the show is over,
And no ovation is to be expected.
sábado, 9 de dezembro de 2023
For God or Some Godot
terça-feira, 5 de dezembro de 2023
Sao Paulo (en)
The signs scattered on the corners
Are marked with undiscernable names.
Defiant graffiti suspiciously adorn
The hidden sides of apartment buildings.
I lack the discernment needed
To distinguish between the comings and goings
In this crowd of distorted faces
Walking so intensely adrift.
Traffic lights have lost their pace,
A chorus of disjointed bursts
Congest the city's arteries
So close to breaking
Into a sudden, stripped chaos.
Steps and pidgeons engage in their plight
Amidst semi-deserted plazas,
Amidst dead-end streets.
Everything takes on a second meaning
Like asphalt over asphalt overlaid.
Avenues intersect without ever connecting.
Another symbol has lost its referent.
A deranged beggar curses São Paulo yet again
In the midst of another empty broken night.
domingo, 3 de dezembro de 2023
Dragon
Armed with wings, I can touch infinity,
To glide my fingers through the starry vastness
And kiss a thousand faces of God.
Like a serpent,
In cycles and circles smitten,
I shed a second skin
To be reborn in frailer flesh.
In the surrounding darkness,
There is no meaning,
There is no direction.
The beam of light is the path
And the bridge dissolving behind me.
Like a knot perpetually tightening,
Like an unending embrace,
The winged serpent traces its path
In the oblique latitudes of possibilities.
Peeling away the world to find at its core
Only the blind iridescence of desire,
Flooding the streets,
Summoning moth to flame,
Whispering violently the unspeakable
Into the deaf ears of solitude.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2023
The Cherenkov Effect (Phytoremediation)
Hands interlace tightly as eyes open in awe.
People gathered on the bridge
Admire the blessedness of silence
as lights caress the yearning dawn to come.
Fingers close in on the railing.
The static intensity of this moment
Would echo brightly within the thin edges of time.
Children run, smiling,
Through the warm, gray snow.
Everything is invisibly veiled.
Hidden gods linger in midair
Anointing the helicoidal nature of men.
The horizon bleeds impossible colors.
Astonished angels disembowel the skies
Conscripting supplicant hosts
To witness the totality of what here unfolds
For centuries and centuries to come.
Under the bridge between Chernobyl and Pripyat,
There traverse tracks that connect
The present to the sunflower fields of tomorrow
That imprison the radionuclides
That brought them all here
And from here, their fates would seal.
The song of Geiger counters fills the night tinted red and blue.
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
Ariadne
I wish things played out differently.
That I was not encumbered by the burden of being
Ever slightly out of step or reach
Like a creature nearly caught between headlights
In the staleness of a dull night.
Where would I start starting something new?
I have pulled all the threads
And undone all the knots
And I am still here
Within this maze,
Caressing walls
As if they were skin.
I am lost within the topology of wanting.
On glass shards walking.
Only half measures taken.
Wading into the darkness of remembering
To gaze gently inside
The dreams that another dreamer dreamt.
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
O Caixeiro Viajante
O que se esconde por detrás das portas
Nestes corredores longos e cinzentos?
As maçanetas giram sem cederem.
Falta-me algum tipo de chave
Perdida em um molho entre outras mil
Em algum bolso de uma calça que não uso mais.
Eu bato nas portas mas ninguém atende.
Devo ter tornado-me um vendedor de enciclopédias,
Anacrônico e indesejado.
Como uma Barsa,
Eu me pergunto o que contenho
Na finitude de minhas páginas.
Uma minúcia de detalhes irrelevantes
Tão indigna de uma leitura casual.
Sou mais denso do que gostaria de ser.
Falta-me a leveza melíflua das palavras
Que escorrem dos lábios como beijos.
quarta-feira, 22 de novembro de 2023
Társis
E a recolho depois de uma espera apropriada.
Ela viria vazia como vazia veio
Em todas as vezes passadas.
Sangram minha mãos expectantes
Pelo sal tão fustigadas.
Como poderia eu desistir
Se essa prenha espera
É tudo o que tenho?
Algo haveria de vir
Singrar essas águas
E ressignificar a rede,
Os seus nós trôpegos,
Sua extensão risível
Ansiando apreender um algo
Que decerto não viria.
Eu me jogo e me recolho
Sem nada capturar.
Tudo por mim passa indiferente
Sem nada capturar.
As marés já não me preenchem.
A circularidade em mim cessou.
Estou preso na vazante
Em que um menino se afogou.
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
Peritônio
A tinta acabou.
As palavras se exauriam por entre meus dedos
Deixando-me mais vazio do que pudera imaginar.
O abcesso foi perfurando pela pena
Trazendo fim ao delicado dilema
De palavras purulentas sobriamente exumar.
Constrangido, contemplo estas poluções verbais
Brotarem dos recantos recônditos e banais
Que somente o trauma ou a experiência
Podem desnudadamente contemplar.
De destroços a via é feita
Até as súbitas fronteiras do chegar.
Sulcando o meu chão e peito
Para que meus sentimentos imperfeitos
Possam, desajeitadamente, neles habitar.
segunda-feira, 13 de novembro de 2023
Batismo
Com sons e chamas,
Com cheiros e cores
Que atropelam os sentidos
Dando passagem para o sagrado
Por entre as frestas da razão.
Ritmos e vozes que se repetem.
Ritmos e vozes que se alternam.
Em círculos e ciclos,
Em mesas e altares,
Vozes altas indistintas
Cadenciando um algo que não se vê.
Todos os pés estão descalços.
Todos os corpos vestem branco.
As crianças correm pelos cantos
Ansiando os doces que ainda virão.
O sangue é derramado discreta e respeitosamente.
Eu sou um estranho aqui
Observando outros se entregarem ao sagrado,
Libertando-se do peso de suas próprias volições.
Há risos e choros aqui.
Tudo é um palco para os fiéis
Que tão fluidamente transitam
Entre o espetáculo e a plateia.
Eu vejo o apelo nos cheiros e nos rostos,
nos nomes e nos outros nomes,
Em toda a dimensão oculta da coisa,
Mas esse não é o meu lugar.
Aqui é onde você decidiu estar
Em meio ao fascínio
Quando tudo que tenho é o silêncio.
Tu tomas o Sol e a Água como padrinhos
Em um mundo de magia e respostas e soluções.
Vejo-te rescindir o teu primeiro batismo
Quando não haviam deuses ou mistérios,
Apenas compromissos e sentimentos.
Como poderia eu competir com tudo isso?
Seu rosto iluminous-se
Enquanto sussurravam-lhe sob a tenda os nomes,
Aspergida pela água e envolta pela fumaça,
Solene foi a presença d'Os que não podiam ser vistos.
Eu observei tudo de perto.
Eu não tinha mais lugar.
Quando virou-se e sorriu dizendo
"Ele é o meu padrinho"
Eu sabia que este seria
O último lampejo de graça
Antes que as portas do terreiro
fechassem-se entre nós.
sábado, 11 de novembro de 2023
TCC
Tudo começa com a busca,
Ciente da inefabilidade dos fins,
Cônscio da aspereza do caminho.
Tópicos e temas que se intercosteiam
Como o líquido mercúrio dos filósofos
Carentemente anseando o rigor da forma.
Tão mergulhado em asserções e referências,
Como Sísifo empurrando a pedra,
Como Atlas suportando escolhas, mas
Tudo termina com uma data,
Com conclusões e resultados
Convidando a aspereza de outros começos.
O resumo se escreve ao fim.
segunda-feira, 6 de novembro de 2023
Fragmento de Música
Siga o choro,
Siga o rastro da manhã.
Siga o sábio,
Siga o tolo
E me diga se és sã.
Siga o mundo,
Siga o povo
Ou o silêncio da maçã.
Siga tudo,
Siga a todos
E me diga se és sã.
Eu abri as portas,
Eu olhei nos cantos,
Me perdi em seus olhos
domingo, 5 de novembro de 2023
Ozymandias
Fica o verso.
O despir das expectativas
Desanuvia os olhos
E preenche os cantos com vazio.
Uma ilusão pode ser
uma ponte entre os dias,
Mas as vistas claras
Dão a dimensão real da vida.
A pulsão de projetar forma e sentido
Sobre sombras nos torna espectadores
No teatro de kabuki de nossos próprios
Corações e mentes,
Mas as cortinas uma hora se cerram.
Quais são as canções
Que escolhemos cantar para nós mesmos
Quando ninguém nos vê?
"As areias solitárias e planas se espalham para longe"
domingo, 15 de outubro de 2023
Presbiopia
E isso deveria nos ser o bastante,
Mas a sobriedade que nos empossa o passo
Nem sempre nos leva adiante.
Percorremos com as mãos as paredes
Removendo as lascas de tinta.
O subtexto que sobra nem sempre é bonito
Ou sequer relevante.
O tempo apara as arestas
Tornando as linhas imprecisas.
Um olhar que se desfoca da parte,
Mas que se reconfigura no todo.
sábado, 14 de outubro de 2023
Situs Inversus
Rearranjo o estar das coisas
Para talvez nelas me encontrar.
Tudo foi posto à mesa,
As minhas entranhas foram expostas,
Mas nada estava em seu devido lugar.
É árduo costurar-se de novo.
Capturar com uma mão a pelúcia
E com a outra fazer o retalho.
Somos como as mãos que se desenham
Na finitude de um caderno
Quando temos epopeias para cantar.
Somos pinturas enquadradas pelo tempo
Penduradas em galeria inóspitas
Sem ninguém que possa nos apreciar.
As minhas janelas estão abertas,
Mas ainda sim encontro-me no lado de fora.
O eu é o limite torto de todas coisas,
Mas até mesmo ele
Precisamos, nalgum dia, transpassar.
segunda-feira, 9 de outubro de 2023
time_t **now = NULL
Entre os minutos que nos restam e as horas que nos faltam,
Habita o conflito de nossas agendas e agências.
Tateando-se para encontrar
A retilínea rota por onde o tempo,
Como areia, se esvai.
quarta-feira, 4 de outubro de 2023
Tiossulfato de Sódio
A dor fantasma dos amputados
É mais memória do que violência.
A gelatina de prata, insolente,
Suspende seus cristais contra a luz
Travando suas próprias batalhas
Em meio aos campos do lembrar.
É preciso erigir os pavilhões do passado
Em meio à turbidez do presente.
Suas pesadas portas podem sempre
Ser abertas quando o momento clama
Por faróis altos e olhos claros
Em meio as tormentas do devir.
Ecos de vozes emudecidas
Rodopiam como dervixes
No desnudar de meus dias.
Eu sou feito de tempo,
Como um suéter tricotado
Em salas de espera
Onde o nada transpira
O suor de sua monotonia.
Fotos velhas,
Vergonhosamente escondidas,
Desbotam em carteiras,
Casacos ou gavetas.
domingo, 25 de junho de 2023
In Media Res
Pinos e tomadas que não se encaixam mais.
Rios que fluem incertos alagando os charcos.Pegadas que se apagam e se perdem no asfalto.
Não existem mais indícios ou razões.
Tudo encontra-se desconexo e fragmentado.
Olhares que se voltam para lugar algum
Sem que nada possam ver.
Não há mais portas que se abram plenas
Ou caminhos que se encontrem largos.
As coisas diminuem-se em si mesmo,
Um universo em franca retração.
Possibilidades que se apequenam
Fossilizam o estar coisas,
O universo desnudado
E nada mais.