Sombra é a substância do desejo,
a imprecisão que pare formas
que sussurram no silêncio
algo mais intenso que o real.
Mãos calejadas esculpem a pedra
com o cinzel torto de sua estrada
e o martelo pesado de sua história.
Nunca somos verdadeiramente justos.
O outro é sempre tingido por um eu.
Deparo-me com minha obra,
Cansado do labor
e cônscio de não se coadunar,
entre fendas e ângulos,
com as raízes rubras do real.
És algo mais belo do que posso suportar.
A unidade desfeita em cacos
por vez e vez mais,
como um débil demiurgo
continuamente trazendo dos primórdios
um mundo à forma e em seguida destruindo-o
por nele nunca se encontrar.
Sou falho.
Inconstante.
Indeciso,
mas atento ao outro,
mesmo quando cego
intuo a forma,
Compreendo o valor
pairando distante, além.
Não é justo em pedra o outro aprisionar.
Galatéia não existe além dos cacos.
terça-feira, 25 de junho de 2024
Pigmalião
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