A beleza da porcelana está além
Dos seus pequenos detalhes
Ou mesmo de seus delicados contornos.
Ela tampouco se encontra na pompa
Ou nas circunstâncias que a cercam,
Nas cotidianas conversas que escuta.
É delicada ao toque
E se parte se amparada pelo chão.
Uma existência pautada pelo comedimento,
Algum tipo estranho de graça.
As civilizações vêm e vão,
Mas os fragmentos de suas porcelanas
Contam-nos que houve algo mais
Que o horror da guerra ou a banalidade do mal.
Mesmo passados tantos anos,
Dos cacos é possível intuir a forma
De um todo e um tudo que se perdeu.
A beleza do pássaro
Jaz na natureza fugidia do pouso,
Nos entretempos gentis
Em que suas asas roçam o chão
Como arautos de amantes distantes
Confiando-nos segredos
Ou mesmo alguma doce ilusão.
Argila, quartzo, feldspato, caulino e calor.
Há algo mais do que a soma das partes.
Estas asas hão de rufar novamente.
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