quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

O Paradoxo de Zenão

 


Posso enxergar mais longe com as mãos.
Intuir a forma, delinear a rota,
Encontrar o caminho
Em meio à imediatez do agora.

A respiração entrega o espírito,
Infla a carne,
Faz o coração bater
Em bocas e dedos,
Beijos ou abraços.
Hálito benfazendo o dia.

As distâncias se diminuem
Por detrás de portas.
Universos, formas, metonímias.
Tudo ao alcançe das mãos,
O abstrato parido no concreto,
Como uma arquitetura brutalista,
Tão despida de poesia,
Tão ancorada no agora.

O infinito é transposto por um passo.
De olhos bem fechados para ver.

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