quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Soslaio


A sala está cheia rostos, vozes
e toda a naturalidade que me falta.
Mãos que não encontram seu lugar,
como um peça de um quebra-cabeças
que fora trocado de sua caixa
ou como um risco do velho disco
repetindo-se entrecortadamente.
Eu olho tudo e todos de soslaio.

Nunca quis estar aqui.
Eu não entendo a nuance que permeia o banal.
Entendo-me limitado,
faltando-me uma dimensão ou duas.
Abraço as paredes,
nelas me expondo
sem jamais ser visto.

Eu ocultei-me atrás de prodígios
acreditando ser algo melhor,
mas estou apenas escondido
como tinta sob tinta,
revelando-me apenas
pelo tectonismo de minhas falhas.

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