Tu és por estrelas e signos designado,
um emissário de velhos deuses,
testemunhando o espírito tornar-se carne
e a carne em espírito refazer-se.
Sou mais velho do que me recordo,
prisioneiro dos incontáveis anos.
A roda gira uma vez mais.
Minhas feições mutáveis,
meus passos errantes.
Sou tão imperfeito quanto me permito ser,
mas tu és sempre eterno,
incorrompido pela geração.
Tu és o silêncio prenhe do possível
em que nada nunca há de acontecer.
Qual é a virtude de suas asas?
Qual o valor de suas palavra mudas?
Vigia-me como um carcereiro distante,
temendo que eu possa tocar-te,
temendo que possa eu um dia aprisionar-te
por entre as páginas do Livro dos Dias.
Eu estou aqui,
eternamente sob o jugo do olhar.
Perto demais para esquecer,
distante demais para tocar.
Mas sombras agora pendem largas
marchando contra o Sol e sobre mim.
Eu habito nos vales profundos,
mas eu não estou perdido.
Os ciclos nunca se encerram.
A vida não se abate.
Hei de deitar-me novamente.
Por quantas vezes hei de nascer e morrer
até que seus pés se dignifiquem
a tocar tão sagrado chão?
No céu distante,
todo os astros são perfeitos,
mas nesta terra ocre e dura,
todo homem e toda mulher são uma estrela.
segunda-feira, 9 de junho de 2025
δαίμων
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