Por mais que sigas na frente
rasgando a noite como um raio,
passos atentos amparam tua jornada.
Havemos de estar aqui,
próximos ou distantes,
protegendo-te sem podar quem és.
O sangue traça primeiro
as margens indeléveis do afeto.
A presença as reforça,
como fibras entrelaçando-se
em meio ao revoar dos dias,
uma corda conectando
o seu ser com o seu se tornar.
É tão difícil mensurar algo tão delicado
por entre o borbulhar dos fugidios anos.
Não tenho palavras doces para lhe dar,
apenas abraços sem jeito,
piadas sem graça,
a constância dos costões
margeando os mares.
Quando tu vens, entras pelas janelas
como a luminosidade leve de um dia bom,
e a tarde cinza preenche-se de risos.