quinta-feira, 23 de maio de 2024

Buracos e Defeitos


O Templo está vazio.
Nada pende sobre o pedestal.
Tudo se preenche de silêncio
E oportunidades exauridas.

Eu olho para os céus
Tão desejoso de respostas,
Mas a chuva e o trovão
Não se curvariam para ninguém.

Como um infante de algum deus esquecido,
Sou banhado pela sua indiferença,
Aconchegado pelas suas mãos ausentes.
Teu silêncio embala o meu sono.
Nada poderia me despertar.

Eu ainda estou aqui,
Ornado de buracos e defeitos,
Coletando os cacos
Para compor algum estranho mosaico de mim,

Mas os pedaços ainda se escondem pelos cantos.
Estou incompleto como uma boca sem dentes,
Como um palhaço estampando sua dor em meio ao riso.

É difícil esperar algo mais dos dias,
Da vida além da vida que vivi.
Pintei o chão até só me restar paredes.
Eu meço e conto os passos que não posso dar.